Não queria julgar toda a gente porque há sempre a excepção que confirma a regra, mas já diz o ditado que o justo paga pelo pecador. E é isto que infelizmente tenho que fazer, julgar a juventude entre os 16 e os 20 e poucos anos como umas pessoas mal formadas, mal educadas, sem civismo, sem respeito pelas outras pessoas, que não pensam que as coisas podiam ser com elas, não se metem no lugar do outro, sabendo eu obviamente que não são todos assim. Também há adultos - falo neste post dele - mas na generalidade foram só jovens, ou serão crianças que se julgam que por serem maiores de idade são alguém na vida? Se calhar até são, mas pelas atitudes demonstradas, parece-me que ainda têm bastante a crescer mentalmente. Tal como eu também tenho que crescer em certos aspectos, claro.
Finalmente acabou a festa da minha terra. Odeio estes dias. Odeio esta festa. Gosto da terra mas odeio quando chega esta altura. É a constante passagem de pessoas na minha rua que em dias normais é praticamente deserta. São os carros que vêm aqui estacionar como se não existissem outras ruas onde os deixar - não que me incomode os carros aqui estarem, nada disso, o que me incomoda é o barulho que eles fazem, isso sim. São os miúdos a correrem de um lado para o outro aos gritos - este ano tive que ir à rua e chamá-los à atenção sobre os gritos histéricos que eles estavam a dar quase às 2h da manhã. Porque correr e rir é uma coisa, mas berrar é outra completamente diferente. Dois dos cinco pediram desculpa, com idades quase para serem meus filhos se tivesse sido mãe super nova, tinham 13-14 anos. Depois lá continuaram a brincadeira sem histerismos.
Mas este ano... este ano superou todas as expectativas negativas. Nunca pensei que uma coisa destas me viesse a acontecer. Felizmente, para esta gente, foi comigo e não com o meu pai, senão estavam bem tramados. Numa das noites apanhei dois rapazes - sem contar com os outros que não vi - a libertarem a sua bexiga contra a parede da minha casa, entre a parede e o carro. Apanhei-os literalmente com a dita cuja fora das calças quando abri a janela da sala. Se ficaram envergonhados não sei, mas lá pediram desculpa, que sabiam ser incorrecto. Um ainda teve a lata de dizer "Mas eu não atinji o carro". Só lhe respondi "Era melhor, acho que não és um cão". Depois fui apanhando outros. Um deles, mais tarde, até se deu ao trabalho de vir novamente pedir-me desculpa e perguntar se eu lhe arranjava um balde com água que ele despejava no chão. Era o que faltava, fosse pedir à organização, não sou eu que tenho que arranjar isso. Aliás, eu já tinha despejado uns bons baldes em cima daquele xixi todo. No entanto, agradeci-lhe a atitude e disse-lhe que gostei que me tivesse vindo pedir uma segunda vez desculpa e que as atitudes ficam para quem as pratica, mesmo não despejando o balde a atitude por si só já é alguma coisa.
Um rapaz a quem também chamei a atenção sobre as paredes da minha casa não serem um wc é tão adulto que cada vez que passava por mim mandava-me "tomas" (🖕). Acho isto incrivelmente adulto e só mostra como este rapaz é alguém que assume as atitudes que pratica (ironia para o caso de não entenderem).
Uma rapariga vomitou no chão mesmo em frente ao meu carro, vómito vermelho. Ou sangria ou vinho. Ou as duas coisas, e se calhar com cerveja. Sei lá. Se não aguentam para que é que abusam na bebida? Para se integrarem no grupo? Para parecerem fixes? Não consigo entender por muito que puxe pelo cérebro.
Um rapaz, a quem também chamei a atenção, mandou dois copos de plástico da cerveja para o chão e depois deu-lhes um pontapé. Não reparou que eu estava a ver. Perguntei-lhe se por acaso ele não conhece o significado de "caixote do lixo" e se em casa tem empregados. Estava com um grupo de amigos, sendo que uma das raparigas estava mal disposta, indiquei-lhe as casas de banho e que lá sempre era mais confortável do que estar sentada no chão, até porque vomitar para a sanita é mais fácil. Estes lá pediram desculpa, foram embora e não os vi mais.
Mais tarde houve até um homem que só faltou subir a minha varanda para me bater. Disse-me que se quissesse fazia ali contra a parede e não era eu que o impedia. E eu disse-lhe para fazer mas que eu não ia sair da minha janela. Fizeram vocês? Assim fez ele. Tanta garganta mas a acção ficou em casa.
A parte engraçada é que no local da festa há duas casas de banho, uma masculina e uma feminina. Eram 4 horas da manhã, vesti um fato de treino à pressa e fui falar com o responsável da festa sobre isto. Sim, porque esta situação toda de estar a servir de segurança à minha casa a "cães" de duas pernas passou-se entre as 2h30 e as 6h30 da manhã! Perguntei-lhe se não havia sinalização para aquelas casas de banho ou se elas estavam fechadas. Diz ele que há, que estão abertas e limitou-se a pedir desculpa. Pois, não foi nas paredes dele que andaram a mijar, para falar bem e rápido. Estou para ver no ano que vem.
A sorte é que é preciso poupar água, porque a minha vontade era ter puxado a mangueira e ter mandado uma mangueirada no chão onde andaram a libertar as bexigas e na areia, também ao lado da minha casa onde também andaram a libertar líquido fisiológico, e deixar aquilo tudo molhado para não irem lá meter os pés. Com sorte podia ser que refrescasse as ideias a alguém, andavam tão à verão com a ventania que estava, assim ficavam mais fresquinhos. Mas contive-me dada a situação se seca que o país e a Europa atravessam.
Acho impressionante, pela negativa, como a juventude - generalizando, porque como já disse, a excepção confirma a regra - está a caminhar para a irresponsabilidade e a falta de respeito e empatia para com as outras pessoas. Durante as horas todas que estive "de guarda" apenas 2-3 jovens foram respeitosos, pediram desculpa e assumiram o erro. Se estavam a ser realmente sinceros não sei, pelo menos pareceram. Mas a grande maioria foi mal educada e com uma grande falta de civismo. Não sei se por culpa dos pais - pois na minha modesta opinião parece que actualmente, desde há algum tempo, as pessoas só têm filhos por ter, porque é bonito, porque "Oh meu Deus o que dirão de mim/nós se não tiver/tivermos filhos? " - se pela constante necessidade de fazer parte do grupo, de "seguir a carneirada", de ter medo de ser excluído se não fizer o que toda a gente faz. Parece-me que infelizmente as novas gerações se estão a perder na frieza da tecnologia e a esquecer a importância do calor humano.
Posso estar a parecer maníaca ou algo do género apenas por causa de uma simples festa, mas não é nada disso. Por mim podiam ter estado até às 6h30 a ouvir a música do DJ não-sei-quê, desde que não venham libertar a bexiga nas paredes da minha casa. Acho que ninguém gostava que fizessem isso nas paredes suas casas ou nas frentes/traseiras dos seus carros, ou estarei enganada?