"E será que você quer?"
Finalmente tive coragem em desabafar sobre ele com a minha psicóloga, a chorar bastante, a libertar a dor que vai cá dentro e não devia. Afinal de contas já passou tanto tempo e nunca houve nada. Como ela diz, foi uma fantasia. E que fantasia...
Contei também que me meti naquelas aplicações para conhecer pessoas a ver se esqueço o dito rapaz. Era mais fácil apanhar uma bebedeira, mas no dia seguinte acordava com uma grande ressaca por isso não valia a pena. Só que não tenho paciência para aquelas pessoas, para conversas de chacha. Esqueci-me de lhe dizer que neste tipo de coisas eu sinto-me quase obrigada a responder só porque sim, porque basicamente estou a "obrigar-me" a tentar arranjar uma relação. Fica para a próxima consulta.
Diz-me ela que tenho que meter conversa com as pessoas do ginásio. Quando não conseguir fazer algo pedir ajuda a algum rapaz, por exemplo. Mas eu disse-lhe que não tinha jeito para essa coisas de meter conversa com as pessoas, e ela logo atirou que eu tenho que começar por algum lado porque só conhecendo outras pessoas é que ultrapasso a desilusão que tive com o outro rapaz. "Pois", disse eu.
"E será que você quer?", perguntou-me ela.
Não faço ideia. Disse-me que podia até combinar um café com ele só para ver como reagiamos um com o outro, já que até chegou a haver alguma química embora nunca tenha havido nada físico entre nós. Mas tenho medo, tenho receio do que possa acontecer. Por outro lado, quero combinar algo com ele, dar-lhe um abraço, sentir os braços dele à minha volta, sentir o perfume dele. Sei lá, acho que só quero tê-lo perto de mim como não tenho há tanto tempo. Não sei...
Já não sei nada. Já não percebo nada de mim mesma, do que sinto ou deixo de sentir. Acho que estou cada vez mais confusa. O que será que eu quero?