Será uma espécie de bullying laboral?
É o que eu acho que estão a fazer com o meu pai e eu não sei o que fazer para conseguir ajudá-lo.
Desde há uns bons anos que ele começou a sofrer de depressão e aí começou com medicação. E agora parece que a dita cuja está a dar de si outra vez, quiçá a piorar. Penso, pelo que ele conta, por culpa dos colegas dele. Eu não vejo, é verdade, mas não tenho por que não acreditar no que o meu pai diz.
Esteve de férias e desde que voltou ao trabalho que tudo mudou. Os colegas dele viram-lhe a cara, embora o cumprimentem parece-lhe que é de má vontade. Sentavam-se ao pé dele à refeição e agora ninguém se senta ao pé dele. Ele está num sítio a fazer o serviço dele, a uns metros estão colegas a cochicharem e a rirem-se olhando para ele. Até os chefes têm agido de maneira diferente com ele. E ele não faz ideia do porquê, não quer perguntar porque tem medo de dizer alguma coisa de errado, de se exaltar e correr o risco de ser levado aos superiores e vir para o olho da rua. Ele até diz "Se calhar é o que querem, andam a fazer isto comigo porque sou efectivo e querem meter os efectivos a andar para ficarem só com temporários para pagarem menos aos empregados".
Como é que alguém se sentiria num ambiente assim? Eu não me sentiria bem. E o meu pai não se sente bem, por muito forte que ele seja fisicamente sei que ele não é assim tão forte mentalmente. Vai-se abaixo com facilidade. Não consegue lá estar. Não consegue trabalhar, e agora quer ir ao médico para ter baixa novamente. Só que já esteve de baixa antes das férias, vamos lá ver se a médica a pode passar, senão não sei como será.
E eu como filha não sei o que fazer. A minha vontade é aparecer lá e perguntar àquelas pessoas o que é o meu pai lhes fez para elas agora o olharem de lado, para se rirem dele e não o tratarem como antes. Mas não posso. Não posso porque isso iria ferir o ego masculino do meu pai e porque não me deixariam entrar. Não conheço as pessoas por isso nunca daria. A única coisa que posso fazer é dizer boas palavras ao meu pai, tentar fazê-lo mudar o seu pensamento. Fazê-lo perceber que não é a fugir de lá, a não ir trabalhar que as pessoas vão mudar e deixar de o tratar como tratam. Mas não sou eu que sinto o que ele sente.